Originária do continente africano, das regiões altas da Etiópia (Enária e Cafa), o café é uma planta envolta em diversas lendas entre as quais a mais difundida e aceita é a do pastor Kaldi, que viveu na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos. Pastoreando sua cabras, notou a energia e alegria dos animais ao mastigarem fruto de coloração amarelo‐avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio. Desta região, foi levado para a Arábia que se tornou a responsável pela propagação dessa cultura, que data de 575 no Yêmen, de acordo com manuscritos mais antigos. Daí para sua chegada à Europa, seguiram-se alguns séculos. Mas ao cair no gosto dos nobres, em especial da corte de Louis XIV, em 1672, gerou-se uma nova cultura de consumo do que se chamava “vinho estimulante de apetite”. No Brasil, a sua passagem não passou despercebida e envolveu o país num importante contexto internacional, econômico e social com o “Ciclo do Café”.
Não à toa. A riqueza da nossa cultura cafeeira continua ainda nos dias de hoje. O Boletim Setorial do Agronegócio de 2011, apresentado pelo Sebrae, registrou um acréscimo de 4,03%, representando consumo per capita anual de 4,81kg de café torrado para cada brasileiro. O que reforça apenas a incorporação cada vez maior do costume de consumir o produto, que é a segunda bebida mais pedida pelo brasileiro depois da água. Tornou-se um costume que incorpora um diagnóstico na época de cerca de 43 estabelecimentos, localizados na Região Metropolitana do Recife. E, tomando-se como base este momento e as diversas análises observadas no setor, não é difícil atestar que estamos de fato vivendo um novo cenário na qual a demanda é literalmente igual à produção, e provavelmente até mais, uma vez que existe uma mudança de comportamento que favorece a indústria como um todo. “O mercado brasileiro é o maior produtor de café do mundo e um dos maiores consumidores. E a nossa produção é sem duvida um dos melhores cafés do mundo. Com isso, vemos que nosso consumo e hábitos estão mudando, mas a grande massa consome os piores cafés”, diz o profissional, que vem atuando junto a diversos estabelecimentos do país para transformar o hábito dos consumidores pela bebida.
Um universo que sem sombra de dúvidas já deve ser passado com o boom que vemos atualmente de ambientes no estado. As cafeterias, coffee shops e lojas especializadas estão em todos os cantos e oferecem, cada vez mais, uma variedade de opões para o consumidor que busca um ambiente aconchegante acompanhado por guloseimas irresistíveis e um café ao seu gosto para chamar de seu. “As Cafeterias hoje são tidas como extensão de casa. Hoje se trabalha, bate papo, confraterniza, realiza reuniões de negócio e até se tem um jantar romântico. Quer dizer, de tudo se pode fazer em um café”, diz Gabriel Diniz do Café do Brejo, que trouxe a tradição da família de interior para a capital.
Aproveitando a visão inicial da mãe Maria Tereza Diniz e do padrasto José Alberto, que criaram o café há 20 anos na cidade de Triunfo, montou a casa em um ponto na Rua Capitão Lima, em Santo Amaro, com destaque para uma harmonização de três itens: uma proposta bem interessante com cafés especiais, ambiente intimista e um cardápio bem variado para atender do almoço até o jantar. “Temos mais de 20 opções de cafés, dos coados aos espressos, gelados e com álcool. Trabalhamos com o grão da Arte Café, vindo do sul de Minas, da região de Guaxupé, que realmente tem uma forma de colheita, de secagem e de torra que definem a qualidade do café”, destaca ele, que faz questão de frisar que nada disso adianta se não tiver um Barista dentro de estabelecimento. E com esta preocupação conseguiu criar em pleno centro um espaço com o estilo de casinha de interior na qual pudesse trazer a culinária de Dona Teca, que tornou a marca original conhecida, com uma proposta de comidinhas mais leves, que fazem com que o cardápio seja equivalente a 60% do seu faturamento.
Assim o Café do Brejo funciona como uma opção que vai além da tradição com menu agregando os costumes da serra com diferenciais que caíram no gosto do seu público e são hoje carros chefes da casa. “O cappuccino Vienense é o queridinho junto com o Coffee Shake, assim como as pizzas com massa de jerimum que fazem o maior sucesso entre as comidinhas que temos”, segundo Diniz, que apostou na localização em virtude de diversos fatores como a escassez de estabelecimentos deste tipo na área e de olho na demanda no bairro, com o surgimento de novos edifícios residenciais e empresariais. O ponto se torna assim um grande peso na implantação de um negócio, e faz com que o empreendimento encare maiores ou menores dificuldades para se estabelecer.
Leia também:
Uma virada de vida a base de café